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17° Fórum Estadual de Educação Tema – “Educadores e Tecnologia: a Informática”
Abertura Colegas, Sejam todos bem vindos ao 17º Fórum de Educação, no ano, no mês e no dia em que a nossa Udemo completa 60 anos de existência. A Udemo foi fundada no dia 18 de outubro de 1952. De lá para cá, a Udemo continua na luta diária por salários, condições de trabalho, valorização dos aposentados, regularização de vida funcional, acertos de pagamentos, módulo, problemas no IAMSPE, problemas na SPPREV, plano de carreira, concursos públicos, subsídios aos associados, excessos e abusos de PADs, falta de professores etc. Sempre com ética, educação, eficiência e entusiasmo. As Nações Unidas declararam 2012 o Ano Internacional da Energia Sustentável para todos. Uma boa notícia ! Outra boa notícia: em 2012, o Brasil tornou-se a sexta potência econômica mundial. Ao que tudo indica, em breve será a quinta, ultrapassando a Inglaterra e a França. Isso, num momento em que países do primeiro mundo estão à beira da catástrofe, como Portugal, Espanha e, principalmente, Grécia. Portanto, a nossa economia é uma das maiores do planeta. Mas.... e a nossa educação? E a saúde? A segurança? A previdência social? Nessas áreas, a nossa posição no ranking mundial vai lá para o fim da fila. Há, ainda, um outro item onde o Brasil está no topo do ranking mundial: o consumo de drogas. 2º lugar no consumo de cocaína, perdendo apenas para os Estados Unidos, e 1º lugar no consumo do crack, ganhando dos EUA. Quanto à educação, cerca de 4 milhões de crianças e adolescentes em idade escolar estão fora da escola, em subempregos ou em atividades informais. 1,5 milhão de adolescentes não estudam e não trabalham, morando em favelas e ficando à disposição do tráfico. Na avaliação do PISA (Programa Internacional de Avaliação de Alunos – Programme for International Student Assessment), que avalia os alunos nos componentes Leitura, Matemática e Ciências, entre 65 países, o Brasil ficou em 54º lugar, pareado com o Azerbaijão. Os resultados do SARESP de 2011 mostram que apenas 4,2% dos estudantes da rede estadual paulista que concluíam o ensino médio tinham um conhecimento adequado em matemática. As razões dessa verdadeira catástrofe educacional são muitas, mas uma delas, com certeza, é a seguinte: nas escolas públicas, hoje, há um mínimo de exigência e um máximo de complacência. O segredo da educação não está no excesso de disciplina; menos, ainda, na escassez dela. Como convencer os governantes desses graves problemas, se vivemos em plena era do politicamente correto, que impede o raciocínio e intimida ações enérgicas e positivas ? Como bem observou o atual Ministro da Educação, “nas nossas escolas, o arranjo social da sala de aula e o quadro negro são do século 18, os professores são do século 20 e os alunos são do século 21. Os professores são analógicos e imigrantes digitais. Os alunos são nativos digitais”. Um outro Ministro da Educação, afirmou, à sua época: “os professores fingem que ensinam e nós fingimos que os pagamos”. Tristes trópicos ! Uma pesquisa feita em 2011, pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) em parceria com o Instituto Gallup, com cerca de 200 mil pessoas em 158 países, buscou saber a expectativa de felicidade das pessoas nos próximos cinco anos e também no presente. O Brasil venceu nos dois quesitos. Pela quarta vez consecutiva, o Brasil ocupa o 4º lugar em expectativa de felicidade. À frente da Suiça e da Dinamarca. Perde apenas para a Finlândia, Holanda e Suécia. Em último lugar, a Síria. Brasil, sexta potência econômica, 54º lugar em educação, líder em consumo de crack, um péssimo serviço de educação, saúde, segurança e previdência públicas. Na política, a coisa não é muito diferente. As notícias sobre corrupção, nepotismo e apadrinhamento não impressionam mais ninguém. Um em cada três integrantes dos Conselhos de Ética da Câmara e do Senado está sob investigação no Supremo Tribunal Federal. Segundo um estudo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), os postos de livre nomeação (aqueles que dispensam um mínimo de competência técnica) na esfera federal no Brasil chegam a 22 mil, contra 7 mil nos EUA, 780 na Holanda, e zero na Suíça. De acordo com Egon Zehnder, um suíço especialista em recrutamento, defensor incondicional da meritocracia, a falta de qualificação dos funcionários públicos nomeados por padrinhos políticos chega a ser mais danosa do que a corrupção. Estatisticamente, a corrupção é menos nociva do que a escolha de um gestor ineficiente. Com tudo, apesar de tudo, ou por tudo isso, ainda somos o 4º povo mais feliz do mundo ! Em expectativa. Curiosa e estranhamente, segundo pesquisas da Associação Internacional de Monitoramento do Estresse (ISMA), os brasileiros já ocupam o segundo lugar no ranking dos mais estressados do mundo, atrás apenas dos japoneses. 70% da população economicamente ativa sofre de males diretamente ligados ao estresse, sendo as mulheres as mais atingidas. Contradição ? Contraste? Sim. Mas o Brasil sempre foi o país dos contrastes, onde o primeiro e o terceiro mundo convivem lado a lado, na mesma cidade, no mesmo bairro, e até na mesma rua. Pesquisa recente feita pelo jornal Folha de São Paulo, revela que na zona Norte da Capital do estado de São Paulo, a falta de shoppings incomoda mais que as ruas esburacadas. Colegas, Quem somos nós, os profissionais ligados direta ou indiretamente à Udemo? Qual é o nosso perfil? 1. Com 63% dos votos (de um total de 1477), concordamos com o resultado de uma pesquisa recente, divulgada pela Unesco, que coloca a educação brasileira como uma das piores do mundo. E com a justificativa dada para o baixo desempenho dos nossos alunos: a falta de preparo dos professores. 2. Com 97% dos votos (total de 959), concordamos com uma decisão judicial que garantiu a um pai, que ficou viúvo logo após o nascimento do filho caçula, o direito à licença-maternidade de seis meses. 3. Com 93% dos votos (total de 1871), concordamos com a equipe da EE Dr. Alarico da Silveira, localizada na Barra Funda, Capital, que barrou a entrada na escola das alunas vestidas de forma 'sexy e provocativa'. Essa equipe afirmou que a decisão foi uma espécie de "basta". A Direção e os professores afirmam: "Estamos estabelecendo valores morais”. 4. Com 89% dos votos (total de 941), aprovamos o “uniforme inteligente” implantado na rede municipal de Vitória da Conquista, na Bahia, visando impedir os alunos de cabular aulas. Esse uniforme vai contar aos pais se os alunos chegaram à escola - ou "dedurar" se eles não passaram do portão. Trata-se de um chip instalado na camiseta do aluno. 5. 92% dos colegas (total de 458) afirmam que o crescimento do número de pessoas da 3ª idade que aderem à internet e às redes sociais é um fato extremamente positivo. 6. Com 94% dos votos (total de 464), concordamos com o prefeito de Paulínia, que decidiu suspender o famoso Festival de Cinema, que teria um custo de 8,8 milhões, e investir esse recurso em saúde, educação e moradia. 7. Com 92% dos votos (total de 831), somos contra o direito à visita íntima para os adolescentes infratores internados na Fundação Casa, a antiga Febem. 8. Com 96% dos votos (total de 555) somos contra a proposta de que traficantes de drogas presos em flagrante possam responder a processo em liberdade. 9. Com 96% dos votos (total de 516), somos a favor do presidente chileno, Sebastián Piñera, que sancionou uma lei que estabelece um registro público de condenados por crimes sexuais contra menores para evitar que essas pessoas trabalhem em ofícios que tenham contato direto com crianças e adolescentes. 10. Com 78% dos votos (total de 603), concordamos com a política penal dos EUA, onde um adolescente, de 13 anos, poderá ser condenado à prisão perpétua, por ter assassinado um colega. Em resumo, somos críticos, somos autocríticos, somos justos, somos generosos, queremos crescer, e sentimos que o Estado não está cumprindo o seu papel, com o devido empenho, zelo e rigor. Somos educadores preocupados com a educação e a sociedade em que vivemos. E educação e vida em sociedade não combinam com abandono, negligência, descaso e lassidão; da mesma forma que não acontecem de forma sadia num ambiente forte demais, que sufoca. Como educadores, acreditamos no milagre da educação, que se comprova com alguns exemplos. Um filho de pedreiro (portanto, pobre), negro, arrimo de família aos 16 anos de idade, aluno da rede pública, hoje é uma das maiores personalidades do país, destaque na mídia nacional e internacional, por estar conduzindo, com o rigor necessário, na condição de Ministro do Supremo Tribunal Federal, o julgamento do século: a Ação Penal 470, mais conhecida como “mensalão”. Ele deverá ser o próximo Presidente do STF, a mais alta corte de justiça do país. Um outro filho de pedreiro, e ex - operário de fábrica, hoje é um dos maiores nomes em cirurgia cardíaca do País, professor titular da Escola Paulista de Medicina. Esses são exemplos do milagre que a educação pode operar; dois casos de vitória da educação sobre a pobreza material e cultural. Com certeza, não foi com complacência que eles chegaram lá. Foi com “sangue, suor e lágrimas”, como diria Churchill. A questão agora é saber quantos outros filhos de pedreiros, negros e pobres, operários, conseguiram a mesma façanha. Se foram poucos, comprova - se a derrota das nossas políticas sociais. Muitos não puderam experimentar o milagre da educação. Segundo o jornalista Hélio Schwartsman, “uma pesquisa da Faculdade de Educação da USP mostrou que quase metade dos alunos que ingressam nos cursos de licenciatura em física e matemática da universidade não estão dispostos a tornar-se professores. O detalhe inquietante é que licenciaturas foram criadas exatamente para formar docentes. A dificuldade é que, se os estudantes não querem virar professores, fica difícil conseguir bons profissionais e, sem eles, o sistema de ensino brasileiro seguirá colecionando fracassos. Embora exista muita polêmica sobre o que funciona ou não em educação, não há dúvida de que a qualidade do professor é fundamental. Trabalho de 2007 da consultoria McKinsey comparou sistemas de educação de todo o mundo e concluiu que o elemento de maior destaque nas redes de excelência era a capacidade de "escolher as melhores pessoas para se tornarem professores". Na Coréia do Sul, por exemplo, os futuros mestres são recrutados entre os 5% de alunos com notas mais altas no equivalente ao vestibular. Na Finlândia, os docentes são selecionados entre os "top ten". Por aqui, segundo levantamento de 2008 da Fundação Lemann, apenas 5% dos melhores alunos do ensino médio pensam em abraçar o magistério. Ser professor no Brasil se tornou a opção dos que não têm melhores opções. Resolver esse problema é o desafio. Salários são por certo uma parte importante do problema, mas outros elementos, como estabilidade na carreira e prestígio social, também influem. O tratamento quase reverencial que a sociedade coreana dispensa a seus mestres ajuda a explicar o sucesso educacional do país. Essas considerações tornam difícil a situação do Brasil, que precisa transitar de um modelo em que os piores alunos viram docentes para um que prime pela excelência. E, como o déficit de professores já é enorme (200 mil só na área de exatas), teremos de achar um jeito de trocar o pneu com o carro em movimento”. Colegas, Muitas coisas precisam mudar, no nosso país, na educação, nas nossas escolas. Mas não podemos pretender que as coisas mudem, se sempre fazemos tudo igual. Todo o mundo é feito de mudanças. Portanto, é preciso mudar! A mudança é inerente à realidade tanto material quanto espiritual. O conceito de imutabilidade é destituído de fundamento. (F. Gullar) É preciso reinventar a vida, a cada dia. Com entusiasmo. O entusiasmo é o combustível do prazer. E, sem prazer, a vida não vale a pena, mesmo que a alma não seja pequena. Sabemos que os anos deixam rugas na pele, mas a perda de entusiasmo deixa rugas na alma. Felizmente, hoje, a tecnologia pode estar do nosso lado. Sites de conteúdo científico, cultural, são grandes aliados dos educadores. Redes sociais viram aliadas do homem contra a solidão e o tédio. Toda essa tecnologia é patrimônio da humanidade e em seu benefício deve ser utilizada. Não dá mais para lutar contra a tecnologia; não dá e não convém. Portanto, tem-se que tirar o melhor proveito dela. Não podemos atacar as pás dos moinhos de vento como se eles fossem monstros, mas podemos tirar proveito da moagem. Colegas, Vamos nos empenhar em garantir e melhorar a nossa qualidade de vida, lembrando um dos ensinamentos do Buda: “o segredo da saúde mental e corporal está em não se lamentar pelo passado, não se preocupar em excesso com o futuro, nem se adiantar aos problemas, mas viver sábia e seriamente o presente”. De acordo com Alexandre Saddeh, hoje em dia, tudo virou síndrome. E todo mundo acha que sofre de algum mal psicológico. Todos acham que sofrem de algum mal e que, com um remédio, podem alcançar a felicidade. A felicidade, sem nenhuma ansiedade ou tristeza, obviamente não existe. Para a nossa saúde física e emocional, não sejamos duros, pois a dureza só fica bem na rocha; a nós basta a firmeza. Sejamos firmes e flexíveis, porém, sem abrir mão da nossa dignidade, pois, como bem afirmou o Papa Pio XII, “a raiz e o fundamento de todos os direitos está na dignidade inviolável da pessoa humana”. Colegas, Mais uma vez, sejam bem-vindos ao 17º Fórum Estadual de Educação da Udemo, onde vamos falar de computador, Internet, rede social, aplicativos e qualidade de vida. Ou seja, vamos falar de novos tempos, de Tempos Modernos, de vida, pois, lembrando Cora Coralina, “estamos todos matriculados na escola da vida, onde o mestre é o tempo”. Relembrando Guimarães Rosa, “mestre não é quem sempre ensina, mas também quem de repente aprende”. Vamos aprender, com alma grande e aberta. Se Deus ama todos os seus filhos, Ele, com certeza, prefere os que não têm alma pequena. Enquanto udemistas, continuemos seguindo o preceito de George Whitefield: “prefiro esfolar - me a criar mofo”; ou o de São Paulo: “lutemos a boa luta, mantenhamos a fé”. É disso que a Udemo é feita: pessoas, fé e luta ! Um bom Fórum a todos nós ! Obrigado. Chico Poli
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