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A Palavra do Presidente

Colegas,

Estima – se que os recursos desviados nos contratos da Petrobras -  objeto da investigação da Operação Lava Jato - atinjam a cifra de 200 bilhões de reais. Quebraram o país; mataram a galinha dos ovos de ouro.

Joseph Desiré Mobutu, mais tarde autodenominado Mobutu Sese Seko Nkuku Ngbendu wa Za Banga – “O todo poderoso guerreiro que, por sua força e Inabalável vontade de vencer, vai de conquista em conquista, deixando fogo em seu rastro”, foi o ditador do Zaire (ex - Congo Belga), de 1965 a 1977, tendo sido um dos mais poderosos governantes do continente africano.

Como governar um país tribal, como o Zaire, com cerca de 250 tribos e 270 etnias diferentes, onde, por tradição, todas as tribos são inimigas entre si e só se unem num eventual movimento contra um governo central ? A resposta, antes de Mobutu, era a repressão e o terror.

Mobutu, ele mesmo um chefe tribal, ao tomar o poder, mudou a política de tratamento da oposição. O lema de Mobutu era: “Afinal de contas, para que matar seus inimigos se, com um pequeno estímulo financeiro, eles vão querer vender suas almas?”

Mobutu fazia reuniões com os chefes tribais e destinava a cada um deles uma pequena parcela da corrupção nacional. Por muito tempo, enquanto havia dinheiro e poder para distribuir, Mobutu administrou o Congo com relativa tranquilidade, absoluta incompetência e suprema corrupção.

Consciente de que a corrupção era endêmica no Congo – e ele era o principal beneficiário dela – Mobutu se empenhou em compatibilizar a política com essa mazela. Para isso, ele fez incluir o famoso (e infame) Artigo 15 na Nova Constituição do Império, com a seguinte redação: “Este é o seu país; arranje – se”. O próprio Mobutu declarou, numa conferência do partido do governo: “É aceitável que se roube um pouco, desde que o roubo fique dentro de certos limites”. Em outras palavras, pode-se roubar, desde que com moderação. Não se pode matar a galinha dos ovos de ouro.

Essa política servia para todos, de serviçais a governantes, e era uma forma de compensar os baixíssimos salários pagos a todos os trabalhadores, servidores e administradores públicos (em média, 6 dólares ao mês).

Em um dos seus tradicionais discursos, Mobutu declarou: “ Neste país, tudo está à venda e tudo pode ser comprado. Neste negócio, um mínimo de acesso ao poder constitui um real instrumento de troca”.

Algumas consequências diretas dessa política foram: alunos ambiciosos, que desejavam obter boas notas, tinham que doar  mantimentos aos professores. Servidores públicos acumulavam cargos: um para constar e outro para ganhar.

inistros tinham direito a motorista mas não tinham carro oficial; repartições públicas contratavam telefonistas mas não tinham telefones; empregavam datilógrafas, mas não tinham máquina de escrever. Embora os salários fossem, em média, de 6 dólares ao mês, não havia grandes manifestações por aumento de salário. O Artigo 15 garantia a complementação da renda.

Mas, o próprio Mobutu descumpriu o Artigo 15 da Constituição do Zaire: o que ele desviou ficou fora dos “padrões aceitáveis”. Ele e seu grupo de poder quebraram a economia do país.

Parece que a tese (não a prática) de Mobutu sobre a corrupção seria bem vinda a certos países que não conseguem se livrar desse mal, e que preferem alegar que a corrupção não existe, mas a sua “não existência existente” quebra a economia desses países, levando, junto, a confiança, a estrutura política e a organização institucional.

Quando Jorge Mario Bergoglio foi eleito o novo Papa, em março de 2013, a escritora e cartunista argentina Maitena Inés Burundarena, autora da peça teatral “Mulheres Alteradas”, declarou que não podia levar a sério um Papa argentino, e que já antevia o churrasco e o tango na praça do Vaticano.

Contrariando esse prognóstico irônico, o Papa Francisco tem se revelado um grande estadista, um pontífice progressista e uma figura carismática. Dentre outros feitos, destacam-se a intermediação no reatamento das relações entre EUA e Cuba, a sua postura a favor da justiça social; a preocupação com o meio ambiente, e a reforma do Código Penal do Vaticano, tornando mais rígidas as sanções para o crime de abuso sexual na Igreja. Destacam-se, também, suas declarações sobre uma nova visão de igreja e religião: os homosseuxais não devem ser marginalizados, mas integrados à sociedade;  a solidariedade é o verdadeiro tesouro do homem;  o dinheiro deve servir e não governar; o celibato "é uma questão de disciplina, não de fé; as mulheres têm uma importância fundamental na Igreja Católica e na divulgação da fé; os divorciados devem voltar para a igreja. Em seu discurso na ONU, o Papa cobrou soluções imediatas para problemas como exploração sexual de menores, tráfico de drogas e terrorismo.

Assim como João Paulo II - mas por outros caminhos - o Papa Francisco vai entrando para o rol dos grandes Papas da Igreja Católica.

A solidariedade é o sentimento que melhor expressa o respeito pela dignidade humana. Uma foto diz mais que mil palavras. A internet tem o poder de conectar todo o mundo em segundos.

As imagens de Aylan Kurdi, um menino sírio de apenas 3 anos de idade, encontrado morto numa praia da Turquia, viraram símbolo da crise migratória que já matou milhares de pessoas do Oriente Médio e da África que tentam chegar à Europa para escapar de guerras, de perseguições e da pobreza.

Essas imagens serviram para abrir os corações e as fronteiras de muitos países até então reticentes ou indiferentes à crise migratória. Esta foi uma feliz combinação de foto e internet despertando solidariedade.

No entanto, enquanto os problemas não forem resolvidos nos países e locais de origem, a migração vai continuar. Os países que se dispõem a aceitar os refugiados são os mesmos que deveriam se empenhar e intervir para prevenir e resolver os problemas na origem. Sem isso, as ondas migratórias vão continuar. Com elas, as tragédias, os constrangimentos e a repressão.

Nos últimos 4 anos, o Brasil já teve 6 Ministros da Educação. Todos eles levados ao cargo, e de lá despejados, por conveniência e acordos político-partidários. É a prática que o jornalista Carlos Heitor Cony chama de “a obscenidade da reforma ministerial”. Neste ano, 2015, o MEC perdeu 31% da sua receita. E ainda se afirma que o Brasil é a Pátria Educadora. Podemos imaginar se não fosse !

Depois de 40 anos de divagações estéreis, prevalência de convicções ideológicas sobre evidências científicas, demagogia barata e experiências negativas, nossos teóricos da Educação estão voltando ao ponto de onde nunca deviam ter saído: a estrutura que realmente funciona na educação básica é a que conhecíamos como primário, ginasial e colegial. Cada segmento no seu ambiente. E o colegial flexibilizado: normal, clássico, científico e o profissionalizante. Nesses últimos 40 anos, desperdiçou - se tempo, energia e dinheiro para tentar reinventar a roda. Curiosamente, as boas e tradicionais escolas particulares (que são poucas) nunca abriram mão daquela estrutura nem do ensino médio flexibilizado. Donde se conclui que é fácil fazer experiências nas escolas dos outros, com dinheiro dos outros e envolvendo os filhos dos outros.

Agora, a questão é como recuperar o tempo perdido, sem prejudicar, ainda mais, professores, pais e alunos. Apoiar o projeto é fácil; difícil é confiar nos governos.

Descobriu-se, também recentemente, que é importante fixar alguns mínimos que os alunos devem aprender em cada série ou ciclo da educação básica. É o currículo mínimo ou a Base Nacional Comum, que, segundo o MEC, visa “assegurar que todo estudante brasileiro, em todas as regiões do país, tenha garantido o acesso à aprendizagem de conhecimentos fundamentais, promovendo equidade e maior coerência em todo o sistema educacional”. A Inglaterra e a Finlândia chegaram a essa conclusão em 1998; Portugal, em 2001. Faz pouco tempo ...

Ainda, segundo o MEC, “a Base Nacional Comum tratará a Educação como um direito”. Pergunta-se: então, até agora a Educação não era tratada como um direito ?

É nisso que dá deixar a educação na mão de políticos, de curiosos, ideólogos de gabinete e oportunistas de plantão. Educação tem de ser política de Estado e não de governo. Tem de ser matéria de especialistas da área, compromissados com a causa; de profissionais competentes que conheçam as teorias e que, ao mesmo tempo, dominem as práticas. E, principalmente, que tenham bom-senso.

Uma curiosidade: o projeto do MEC (“Currículo Mínimo”) inspirou – se no sistema da Austrália, o que sugere cuidados, uma vez que o Brasil não tem canguru, e a Austrália não tem jabuticaba. O que o Brasil e a Austrália têm em comum é a forte desvalorização da moeda e a grande queda no preço das comodities.

Falta, agora, criar um currículo mais realista – que não tenha de 13 a 17 disciplinas no ensino médio – e que seja comum a todo o País, sem essa absurda divisão entre Base Nacional Comum e Parte Diversificada e seus consequentes percentuais (60% e 40%). Afinal, a matemática é a mesma, o inglês é o mesmo, tanto para São Paulo quanto para o Amazonas. Como trabalhar essas disciplinas é que tem de ser equacionado em cada sistema ou unidade escolar.

Ainda fica pendente a questão da avaliação. No Brasil, a avaliação é que pauta a atuação de professores e escolas, quando o correto seria o inverso: o currículo definindo a matriz de avaliação.

Mas, difícil mesmo, quase impossível, é convencer os governantes de que nunca haverá educação de qualidade sem a valorização dos educadores e ex - educadores.


20° Congresso Estadual de Educação da UDEMO

Teses aprovadas no Congresso

Moção aprovada no Congresso

Sobre a reorganização estadual

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