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21º Encontro e Congresso Estadual de Educação da Udemo – Ativos e Aposentados

A Udemo realizou o seu 21º Encontro e Congresso Estadual de Educação – Ativos e Aposentados - entre os dias 22 e 26 de maio de 2019, no Orotour Garden Hotel, em Campos do Jordão.

O tema do evento foi  “Previdência e (In) justiça Social”.

Palavra do Presidente

Colegas,

“Apesar dos extremismos discursivos e de retrocessos democráticos registrados em vários países nos últimos tempos, não dá para negar que a humanidade melhora a olhos vistos.

Por qualquer medida objetiva que adotemos, o mundo evoluiu nos últimos 30 anos. A proporção de terráqueos vivendo em pobreza extrema, que era de 35% em 1990, está agora abaixo dos 10%. A expectativa de vida ao nascer, que batia nos 65 anos em 1990, saltou para mais de 72.

Também observamos melhoras importantes nos índices globais de escolarização e na disponibilidade de itens como água tratada e eletricidade. É difícil de acreditar, mas até a inteligência dos humanos tem avançado. O fenômeno, bem-documentado, atende pelo nome de efeito Flynn.

Se trocarmos a lente das décadas pela dos séculos e ampliarmos a noção de riqueza para incluir não só renda, mas acesso a serviços e bens de consumo, os progressos são ainda mais dramáticos. Nas contas de Deirdre McCloskey, nos últimos dois séculos, o habitante médio do planeta viu sua riqueza multiplicar-se por dez, chegando a 30 nos países desenvolvidos.

O mundo ainda está muito longe de ser um lugar bom para todos ou razoavelmente justo, mas é preciso estar cego por vieses cognitivos para não ver que estamos melhorando.

Os dois motores principais desses sucessos são o saber técnico, alimentado pela ciência, e a disseminação das democracias, cujo número mais do que dobrou de 1990 para cá. Democracia, aqui, deve ser compreendida em seu conceito mais amplo, que inclui os ímpetos redistributivistas da vontade popular, mas traz também uma defesa intransigente de direitos universais, que abarcam as minorias, mas não se restringem a elas. São justamente o saber técnico e a democracia que estão sob ataque do neopopulismo que pipoca em vários países, incluindo o Brasil. Defendê-los é o dever das forças pró-civilização, neste momento delicado”. É o que afirma, com muita propriedade, o jornalista Hélio Schwartsman.

Colegas,

Os tempos estão mudando, e rapidamente. Aliás, nada na vida é permanente, exceto a mudança, já afirmava Heráclito, filósofo grego do século VI a.C. O escritor italiano Giuseppi Tomasi di Lampedusa, da primeira metade do século passado, afirmava, de outro ângulo, que  “tudo deve mudar para que tudo fique como está”.

A Previdência Social está passando pela terceira reforma. A primeira aconteceu em 1998; a segunda, em 2003. A terceira, de 2019, está em andamento. Todas as reformas visaram a acabar com o déficit fiscal. As reformas se foram; o déficit ficou. Então, é necessário mudar a Previdência para que o déficit continue, ou seja, para que tudo fique como está. Parece que ninguém quer resolver, definitivamente, o problema da Previdência, que implicaria acabar com as aposentadorias e pensões milionárias, cobrar e processar as empresas que lhe devem quantias vultosas, e gerir com seriedade e eficiência os recursos.

Mudando de assunto, há mudanças de paradigmas que estão marcando o século XXI.

Na área da saúde, como exemplo, novos estudos destroem  mitos e denunciam a indústria da doença e da dependência dos medicamentos. Parece que, à exceção dos antibióticos e das vacinas, os demais medicamentos não são tão importantes quanto o querem médicos e laboratórios. Chás naturais estão voltando aos lares, como queriam e faziam nossos avós.

O grande vilão da sociedade moderna, o colesterol, já está com os dias contados.

Para Uffe Ravnskov, médico e cientista dinamarquês “A campanha do colesterol é o maior escândalo médico do nosso tempo”. O colesterol alto não é causa mas apenas um sintoma das doenças cardiovasculares.  Quase todas as pesquisas nesta área são pagas pela indústria farmacêutica e pela indústria das margarinas. Dois grupos de investigação norte-americanos mostraram recentemente que o colesterol de doentes que deram entrada no hospital com ataque cardíaco estava abaixo do normal. Concluíram que era preciso baixar o colesterol ainda mais. Um dos grupos fez isso mesmo. Três anos depois, tinha morrido o dobro dos pacientes a quem tinham baixado o colesterol, comparativamente àqueles em que o colesterol foi deixado na mesma. Há mais de 20 estudos que demonstram que pessoas mais velhas com colesterol vivem mais tempo. As estatinas (medicamentos) funcionam mais como anti-inflamatórios do que como redutores do colesterol, e o seu pequeno benefício só foi demonstrado em pessoas jovens e homens de meia- idade que já haviam tido um ataque cardíaco. Alerta do Dr. UFFE: “Não usem estatinas! O seu benefício é mínimo e o risco de efeitos adversos é muito mais alto do que a indústria farmacêutica diz”.

Ainda de acordo com o Dr. Uffe, estudos demonstraram que o estresse pode aumentar o nível de colesterol em 30% a 40% em meia hora. O mais recente estudo da OMS/FAO conclui que “As provas disponíveis de ensaios controlados não permitem fazer um juízo sobre efeitos substantivos da gordura na dieta no risco de doença cardiovascular”. Na Suécia, milhares de diabéticos obesos puderam deixar a medicação para o diabetes evitando os hidratos de carbono e comendo alimentos ricos em gordura saturada.

Somente 1/3 do colesterol vem da dieta; 70% o próprio organismo produz, por fatores genéticos. Isso explica o fato de pessoas que são magras e aparentemente saudáveis terem alto índice de colesterol. Por outro lado, há pessoas que comem muita fritura, carne gorda, não se cuidam e vão fazer o exame de sangue e está normal.

A pessoa que tem colesterol alto tem que melhorar uma série de outros fatores de risco, o que se chama de estilo de vida. Um deles, o sedentarismo.

Na área da educação, parece que, em muitos aspectos, brevemente voltaremos aos tempos dos nossos pais e avós. Ao famoso “se vire”, quando tínhamos problemas com lição de casa e provas: o problema é seu e você terá de resolvê-lo ! Atualmente, todos os estudos nessa área levam a uma conclusão: “Pais superprotetores cruzam limites por filhos e 'roubam' seu amadurecimento”. Criação que livra caminho das crianças de obstáculos pode prejudicar aprendizado de resolução de problemas.

De acordo com psicólogos e educadores norteamericanos, como Madeline Levine, Julie Lythcott-Haims e Laura Hamilton, há até uma nova terminologia para esses pais: pais-helicópteros e pais limpa - trilhos.

Os pais-helicópteros, que pairam ansiosamente perto dos filhos, monitorando toda a sua atividade (através de celulares e até mesmo de chips intradérmicos) são muito século 21. Algumas mães e pais ricos hoje são mais como limpa-trilhos: máquinas que avançam na frente, limpando qualquer obstáculo no caminho de seus filhos para o sucesso, para que eles não encontrem fracassos, frustrações ou oportunidades perdidas.

Esses pais querem garantir que seus filhos tenham o melhor, sejam expostos ao melhor, tenham todas as vantagens, sem compreender como isso pode ser prejudicial a eles.

É tarefa de um pai ou uma mãe apoiar e usar sua sabedoria de adultos para preparar os jovens para o futuro quando eles ainda não têm maturidade suficiente.

Mas se as crianças nunca enfrentam um obstáculo, o que acontece quando elas entram no mundo real ? Elas fracassam. Aprender a resolver problemas, assumir riscos e superar frustrações são técnicas de vida cruciais, segundo muitos especialistas em desenvolvimento infantil, e se os pais não deixarem seus filhos conhecer o fracasso, as crianças não vão adquiri-las.

Pesquisa recente sugere que pais de todas as camadas sociais e raças estão adotando a ideia da criação intensiva, quer possam pagar por ela quer não.

Muitas vezes isso envolve intervir em nome dos filhos. Em um estudo recente que pesquisou um grupo nacionalmente representativo de pais sobre quais opções de criação eles consideravam melhores, as pessoas, independentemente de raça, renda ou educação, disseram que os filhos deviam ser matriculados em atividades extracurriculares para que não se sentissem entediados. Se uma criança não gostava da escola, eles achavam que os pais deviam falar com o professor para dar trabalho diferente ao filho.

Mas a verdadeira criação limpa-trilhos é feita principalmente por pais privilegiados, que têm dinheiro, conexões e informação para se manter dois passos à frente dos filhos. Famílias sem esses recursos não têm necessariamente o dinheiro para investir em aulas e conselheiros educacionais, e talvez não tenham experiência em admissões em faculdades ou mercados de trabalho ultracompetitivos.

Falando em mercados de trabalho, com relação às profissões, também há novidades. Hoje, não é mais garantido que as crianças se sairão tão bem quanto seus pais. Jovens nascidos em 1950 tinham uma probabilidade de 80% de ganhar mais que os pais. Os nascidos em 1970 tinham probabilidade de 61%. Mas desde 1980, os filhos têm a probabilidade de virem a ganhar o mesmo ou até menos que seus pais. (Raj Chetty, Harvard)

Mas, insistimos: os dois motores principais da sociedade moderna continuam sendo a cultura e a democracia. Elas precisam do nosso zelo, do nosso cuidado.

Colegas,

Sejam todos bem-vindos a mais um evento onde cultura e  democracia são zeladas e bem cuidadas.

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