UDEMO | 18/09/19 12:35 | Atualizado em 4/10/19 11:56


Finlândia X Lerolândia - 3

Sabe por que a Finlândia chegou ao topo da educação mundial? Segundo a Ministra da Educação, porque ela nunca teve essa preocupação! O governo da Finlândia, desde 1970, tem como meta oferecer o melhor ensino público aos seus alunos, valorizando os aspectos cognitivos e os não-cognitivos (sócio- emocionais) no currículo, e recrutando os melhores profissionais para essas escolas.

Os alunos (e os professores) não são submetidos a aquele processo de estresse constante, típico de sistemas que se preocupam, em primeiro lugar, em serem os primeiros do mundo. A escola deve ser um ambiente prazeroso (e eficiente) de troca de experiências, de ensino e aprendizagem. O ano letivo é mais curto; os alunos ficam no máximo 6 horas por dia na escola, têm poucas “lições de casa”, e não são submetidos a provas todos os meses. A avaliação é global e contínua, com base na observação e no acompanhamento diário do trabalho do aluno. Justificava para isso: os alunos precisam ter tempo para brincar, passear e viajar! Eles não podem ser submetidos a uma dose exagerada de estresse. O estresse estudantil na Finlândia é um dos menores do mundo (7%); na Coréia do Sul, chega a 51%! Em resumo, na Finlândia, a educação formal, escolar, deve visar ao bem-estar, à “felicidade dos alunos”.

Portanto, ter chegado ao topo do ranking mundial em educação nunca foi uma preocupação do sistema finlandês de ensino. Foi uma consequência lógica do seu eficientíssimo sistema de educação pública.

Já aqui, na Lerolândia, todo novo projeto que é anunciado para a educação já vem com um carimbo: “até 2022 (ano da eleição!), o Estado deverá ter o melhor IDEB do Brasil; até 2030 (ano da Graça do Senhor!), estará no mesmo nível da Finlândia”!!

Portanto, por aqui, começa-se pela meta (virtual) a ser cumprida, e não pela criação das condições para se chegar lá. Ou seja, diferentemente da Finlândia, “atingir o topo” é causa e não consequência. Por isso, num primeiro momento, o estresse é geral: tem-se de cumprir metas, custe o que custar, mesmo sem as condições objetivas e subjetivas para tanto (há escolas sem aulas, desde o início do ano, por falta de professor; também por falta de professor, há escolas sem aulas de artes, desde o ano passado!). Num segundo momento, desconfiamos, virão as fraudes. As avaliações externas serão “calibradas” para mostrarem o resultado pretendido; haverá seleção dos melhores alunos para fazerem essas avaliações. E, até mesmo, aquela famosa “mãozinha” durante a aplicação das provas, para “prestigiar” o nome e o trabalho da escola. Tudo isso com o “de acordo” tácito e sigiloso da SEDUC.

Ainda, nesse esquema vai prevalecer o treinamento, a capacitação, o “adestramento” de alunos para a realização das avaliações externas. O foco real não será a educação mas sim o desempenho na avaliação.

Regride-se, um pouco mais, com o discurso do avanço!

E o resultado, supostamente positivo, terá de ser mostrado e divulgado até as próximas eleições. Isso é educação séria ou marketing?

Mais uma vez, é a Lerolândia tentando travestir-se de Finlândia.

 


Clique aqui para continuar em nosso site

 
   
   
     
  Participe, também, do Grupo de divulgação da UDEMO no Facebook!