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UDEMO | 11/06/20 | Atualizado em 11/06/20 19:19


QUARTO ANO ??


Há muito tempo – muito tempo mesmo! – a Udemo vem alertando governantes e secretários a respeito do excesso de componentes curriculares no ensino médio. Eles ficavam entre 13 e 15, até que o atual governo resolveu incluir mais alguns: Tecnologia da Informação, Matérias Eletivas e Projeto de Vida. Nos países que se destacam na área da educação, os currículos têm, em média, entre 7 e 10 componentes curriculares obrigatórios. As escolas têm a infraestrutura necessária, os professores são especializados e bem pagos. Aqui, o ensino médio chega a ter 18 componentes curriculares, sem a infraestrutura adequada, sem professores. A cada novo componente curricular implantado, diminui-se a carga horária de português e matemática, exatamente onde os alunos demonstram mais dificuldades.

Desde o início da quarentena, devida ao coronavírus, a Udemo vem alertando para o fato de que o ensino remoto não funcionaria, por diversas razões. Melhor seria decretar férias coletivas, estimular o hábito da leitura em casa, enviando aos alunos livros, revistas, apostilas, mas sem cobrança de resultados. O estresse seria bem menor, e o resultado, igual ou melhor.

Agora, parece que a Seduc reconheceu ambos os problemas: o excesso de componentes no ensino médio e o fracasso do ensino remoto. É o que se depreende da matéria publicada na Folha de São Paulo, de 11/06/2020, em artigo assinado pela jornalista Laura Mattos. São Paulo e Maranhão “devem lançar em 2021 o quarto ano do ensino médio para estudantes da rede pública que queiram recuperar o conteúdo pedagógico perdido em razão da pandemia do coronavírus”. Em resumo, o ensino remoto não funcionou. Não como precisava funcionar! Perdeu-se o conteúdo pedagógico!

E mais, “a partir de 2022, os currículos devem estar reformulados para se tornarem mais flexíveis, centrados no interesse dos alunos, com itinerários que eles escolham, a fim de que se dediquem mais a matérias de sua preferência”. Em resumo, esse currículo não pode ser mantido tal como está hoje!

Do nosso ponto de vista, a análise está correta! Mas, a solução proposta, não! Aumentar um ano no ensino médio, embora excepcionalmente e apenas em 2021, é mais uma aventura, uma temeridade. Os componentes curriculares continuarão os mesmos. Não há escolas, salas de aula suficientes para atender uma eventual grande demanda. Não há professores habilitados para essa nova programação. Ou melhor, não há pessoal habilitado interessado em ser professor, nas atuais condições salariais e de trabalho. E, principalmente, nosso ensino está tão fraco, que algo ruim em três anos torna-se pior em quatro.

Fica uma dúvida: será, realmente, que os alunos estão interessados em cursar um quarto ano – na verdade, repetir o 3º ano - nas mesmas condições? Mais do mesmo?

 



#FESL
– Fé, Esperança, Solidariedade...e Luta !

“A situação caótica da escola pública só vai ser resolvida com a valorização do professor, entendida como respeito à profissão e melhores salários”.
(Mozart Neves Ramos)


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