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Materia publicado no jornal Folha de São Paulo, de 20/07/10

Recado do Enem

Editoriais

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Devem ser analisados com cautela os rankings de desempenho das escolas no Exame Nacional do Ensino Médio do ano passado, que acabam de ser divulgados.

Como a prova -usada por parcela das universidades e faculdades públicas para selecionar alunos- não é obrigatória, a maior ou menor adesão de estudantes ao processo seletivo tende a influenciar o resultado dos colégios.

Um alto índice de abstenção, por exemplo, pode contribuir para que apenas uma "elite" de alunos de determinada escola seja responsável pelo retrato de seu desempenho educacional.
Se problemas intrínsecos de comparação não bastassem, o exame de 2009 foi atípico. O último Enem teve a maior abstenção da história -quase 40% dos inscritos. O vazamento das questões forçou o adiamento do teste. Universidades importantes desistiram de aproveitá-lo em seus processos seletivos -e muitos estudantes se desmotivaram.

Com tantos fatores a embaralhar a performance individual das escolas, tornam-se ainda mais significativas as constâncias encontradas no Enem nos últimos anos.

São públicas, em maioria esmagadora, as piores escolas no exame. E ainda que variem bastante os nomes dos centros de excelência no topo do ranking a cada ano, eles são, em regra, particulares.

As exceções são as escolas públicas que conseguem selecionar seus alunos, por meio de testes. Esses centros de excelência podem se dar ao luxo de escolher os melhores estudantes, o que cria um ciclo virtuoso para a qualidade de seu ensino. Da mesma forma se constata um ciclo de mazelas nas escolas estaduais e municipais das regiões mais pobres.

A difícil tarefa de gestores públicos, diretores e professores é fazer com que seus alunos consigam superar condicionamentos externos aos muros da escola. Exames como o Enem têm permitido identificar métodos que contribuem para isso, ao elevar o aproveitamento dos estudantes.

Resta levar esse conhecimento aos professores e diretores de cada escola pública. E incentivá-los -financeiramente, inclusive- a perseguir o objetivo de melhorar o desempenho de seus alunos.