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Matéria retirada do Jornal Folha de São Paulo, de 24/01/08 Rosely Sayão Brigas entre irmãos I rmãos brigam, disputam, rivalizam, competem e se estranham com freqüência e as relações entre eles são, para muitos pais, motivos de preocupação. Parece que hoje, mais do que nunca, os pais querem fazer de tudo para que os filhos se dêem bem. Dá para entender os motivos desses pais que almejam que seus filhos se amem e sejam companheiros. No contexto em que vivemos, com laços afetivos tão frágeis, a aliança entre irmãos parece ser a única que promete durar por toda a vida -e poderia ser, portanto, antídoto contra a solidão. Por esse motivo, sempre que os irmãos brigam, os pais padecem. Eles esperam que, desde sempre, os filhos compartilhem tudo, cedam a vez com tranqüilidade, sejam solidários. Acontece que nada disso é natural -tudo precisa ser experimentado e aprendido. Não é fácil para uma criança repartir, com os irmãos, o amor e a atenção de seus pais. Quando nasce, o bebê tem dedicação quase integral dos pais e logo percebe o quanto isso é bom. Ser o centro da vida dos pais é muito prazeroso e leva a um sentimento de posse. E perceber que é preciso compartilhar esse lugar com outros na mesma condição já não é tão bom. É por isso que, entre irmãos, sempre há ciúme e outras emoções hostis que levam a brigas, que são normais e saudáveis. Nem sempre os pais
aceitam e enfrentam tal fato com tranqüilidade. Hoje é muito
mais comum os pais interferirem precocemente nessas desavenças.
Mas é bom saber que isso pode ser um problema. Em primeiro lugar,
porque interferir sem tomar partido é bem difícil, não
é verdade? Em segundo lugar, porque o objeto da briga é,
quase sempre, irrelevante e banal. O que está em jogo é
mesmo o ciúme entre os irmãos, e isso sinaliza uma única
coisa: que ambos amam seus pais e desejam ter o amor deles exclusivamente
para si. Em terceiro lugar, porque as reações dos pais diante
das brigas podem provocar o oposto do que eles gostariam: ressentimentos
entre os irmãos. A ação dos pais que observam as brigas entre seus filhos e só intervêm quando eles perdem o controle e o respeito possibilita que os mais novos aprendam que é possível expressar os conflitos sem medo de destruir o outro. Eles aprendem também a buscar saídas para seus enfrentamentos, ou seja, a negociar, a ceder e a conhecer seus próprios limites e os do outro. Isso não deixa de ser uma educação afetiva. Para tanto, os pais
precisam não se desesperar com as brigas, porque isso pode apontar
que os irmãos são perigosos um para o outro. E isso pode
colaborar para que, de fato, eles assim se tornem. O mais importante para
os pais é que eles saibam que a relação entre os
filhos pode mudar a qualquer momento e que as brigas fazem barulho, mas
são intercaladas por bons momentos de convivência. ROSELY SAYÃO
é psicóloga e autora de "Como Educar Meu Filho?"
(ed. Publifolha) |
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