Bolsa-Escola ou Bolsa-de-Ar ?

Há algum tempo, o atual Governador lançou o seu grande- pequeno projeto para salvar as escolas públicas do Estado de São Paulo: colocar mais um professor nas classes do ciclo básico. Seria cômico, se não fosse trágico. Com todo esse quadro que aí está, nas nossas escolas, com falta de professores, falta de funcionários, violência, falta de verbas, de manutenção, falta de bibliotecas, de salas de informática, falta até de carteiras, descontinuidade de projetos, salários irrisórios, o Sr. Governador encontra uma grande solução: colocar mais um professor nas classes de 1ªs séries. Pouco tempo depois de anunciada a medida, houve uma correção: na verdade, não seria mais um professor, e sim um estagiário. Depois, um estudante.

Dá para ver que:

1- não vai ser fácil, trabalhar com esse governo;

2- ele não entende nada de educação. Aquele aluno não vai ensinar, vai aprender; não vai colaborar, vai estagiar; não vai ajudar, vai atrapalhar.

Mas nada está tão ruim, que não possa piorar. A legislação referente ao assunto fala em "aluno regularmente matriculado e freqüente" numa instituição de ensino superior. No entanto, algumas escolas já estão recebendo os alunos: uns nem sequer estão na faculdade, foram apenas aprovados no vestibular; outros são egressos do EJA; outros, ainda, estão se matriculando nas faculdades, apenas para ganhar a Bolsa. Dá para imaginar o trabalho que os professores titulares terão: além de cuidar da sua classe, ainda vão ter de tomar conta dos estagiários que, sem nenhuma bagagem, podem comprometer o trabalho em sala de aula.

Nessa grande enganação, alguns donos de faculdade podem até ganhar; mas, sem dúvida, quem vai sair perdendo é a escola pública. Mais uma vez.

Decálogo
a ser seguido pelos gestores para a solução dos problemas de infra-estrutura das Escolas Públicas Estaduais


1
Se não houver merendeira na escola,
não será fornecida a merenda;

2
Se não houver pessoa responsável pela Biblioteca, ela permanecerá fechada;

3
Se não houver escriturários e secretário,
de acordo com o módulo, não haverá entrega de documentos na DE;

4
Se não houver verba para compra
de material e manutenção da sala de informática, o local não será utilizado;

5
Se não houver recursos para reparos e vazamentos no prédio escolar,
não haverá consertos;

6

Se não houver recursos para pintura do prédio, o prédio não será pintado;

7

Se não houver verba para a contratação de contador para a escola, não haverá prestação de contas à FDE;

8
Se não houver verba suficiente para a contratação de funcionários pela CLT,
o dinheiro será devolvido;

9
Se a mão-de-obra provisória
não for qualificada, será recusada;

10
Se as festas não tiverem o objetivo de integrar a escola à comunidade, não serão realizadas

A nossa escola é, por previsão constitucional, pública e gratuita. Portanto, ela tem de ser custeada pelos cofres públicos.

Todas as omissões do Estado, com relação aos itens acima, deverão ser objetos de ofícios da direção às Diretorias Regionais de Ensino, a fim de isentarem o diretor de eventuais responsabilidades administrativas.
Toda e qualquer ameaça de punição aos diretores associados da Udemo, por tomarem aquelas atitudes, será objeto de defesa jurídica por parte do Sindicato, seguida de denúncia ao Ministério Público e propositura de Ações Civis Públicas contra o Estado, pelo não cumprimento das suas obrigações para com as unidades escolares e pelos prejuízos causados à comunidade escolar.