|
|
Matéria retirada da Revista Veja, de 08/08/07 Computador mais Prejudica do que Beneficia Alunos Sem supervisão, computadores nas escolas brasileiras mais distraem do que ensinam
Outras pesquisas já haviam mostrado que os computadores têm contribuído pouco (ou nada) para a excelência nas escolas brasileiras. Até esse momento, no entanto, nenhuma delas havia traçado um retrato tão negativo. Analisa a especialista Fabiana de Felício, autora do estudo: "Sem a supervisão dos professores, as crianças perdem tempo em frente ao computador com atividades sem nenhuma relevância para o ensino". Leia-se: jogos e bate-papos virtuais. Países onde os estudantes cultivam o hábito de usar o computador na escola têm uma lição elementar a ensinar ao Brasil. Tais projetos só foram adiante com sucesso porque os professores receberam treinamento para fazer uso dos PCs para fins pedagógicos. No Chile, é o caso de 80% dos docentes. No Canadá, as escolas contratam ainda especialistas encarregados de organizar bibliotecas de softwares e orientar os professores sobre como aplicá-los em sala de aula. As escolas brasileiras estão a anos-luz dessa realidade. "Aqui os professores mal sabem ligar o computador", resume Roseli Lopes, coordenadora no Núcleo de Sistemas Integrados da Universidade de São Paulo (USP). Ela é uma das responsáveis pela implantação de um programa do governo federal cujo objetivo é distribuir laptops aos 30 milhões de estudantes da rede pública. Proporcionar às crianças pobres acesso ao computador é um fato positivo, e ninguém discorda disso. Mas não basta jogar os aparelhos dentro das salas de aula para que eles produzam milagres. É preciso treinar os professores, adaptar os aparelhos a projetos pedagógicos e supervisionar seu uso pelos estudantes. Numa visita à escola pública Ernani Silva Bruno, de São Paulo, uma das cinco no país que servem de piloto ao projeto, tem-se uma idéia mais realista das dificuldades à vista. Enquanto uma professora quer saber como aciona a letra maiúscula no teclado do laptop, a estudante Giovana Gomes, de 11 anos, expressa sua ambição em relação à nova máquina: "Vou poder brincar no site da Barbie e jogar games na escola". Sem supervisão, Giovana e seus colegas não irão longe. |
Decálogo A nossa escola é, por previsão constitucional, pública e gratuita. Portanto, ela tem de ser custeada pelos cofres públicos. Todas
as omissões do Estado, com relação aos itens acima,
deverão ser objetos de ofícios
da direção às Diretorias Regionais de Ensino,
a fim de isentarem o diretor de eventuais responsabilidades administrativas.
|