UDEMO | 22/04/2025 | Atualizado em
22/04/25 17:11
JUDICIÁRIO REPROVADO
Escola Pública – Maior Bem da Sociedade
O que é a sociedade de um país sem uma escola pública de qualidade, como bem maior social? Inexiste no mundo país desenvolvido que não tenha uma escola prioritária para seu povo.
Sou fruto da escola pública, que ensinava a ler, escrever e alicerçar uma pessoa para se tornar um cidadão.
Filho de imigrantes, sem recursos financeiros, a Escola Pública acolhia com verdadeira inclusão os que dela necessitavam, cônscia de seu verdadeiro papel social, formava gerações, inclusive até dos que governavam e tinham por obrigação respeitar o Diretor e o Professor.
O nome “Grupo Escolar” já anunciava o coletivo e os profissionais: Diretor da Escola e Professor gabaritados, bem como, outros Mestres vocacionados transformavam a Escola Pública com orgulho e dedicação em extensão da própria casa, eu diria até com maior responsabilidade do que os pais e mães, não só ensinando as letras, mas educando o comportamento que era de grande valia para formação do caráter.
Não posso escrever sobre a escola pública, sem mencionar a eterna e inesquecível grande amiga Zilda Halben Guerra, que me contava ter dado aulas debaixo de árvores em bairros da periferia da minha querida São Paulo, amassando barro com a mobilidade da charrete e seus cavalos.
Era a verdadeira vocação de uma Mestra, que se orgulhava de sua cartilha, afirmando que seus alunos, no terceiro ano primário, sabiam ler, escrever e cantar o hino nacional.
A Escola Pública que ela integrava, bem como, os Professores e Diretores da época, à eles devem muito e sempre serão lembrados como gratidão de formação.
O respeito, fundamental na disciplina ela sempre exigiu, até do próprio Ministro do Supremo Tribunal Federal Sepúlveda Pertence, que em audiência concedida, teve que ouvir a seguinte pergunta: “O senhor sabe ler a Constituição Federal? Então veja o artigo 40, § 4º” que garantia a paridade entre ativos e aposentados (julgamento da gratificação de trabalho educacional – GTE), para que julgue corretamente e favorável, sob pena de ser reprovado.
Essa lembrança me traz aos dias de hoje em que arauto do ensino, verdadeiro “Dom Quixote”, como Francisco Poli – UDEMO e CNSP lutam por uma Escola Pública digna de condições de trabalho, salário dos Professores e Diretores, concursos públicos e sempre levando em conta de que quem necessita dela é o povo carente de recursos financeiros e não quer vê-la terceirizada, pois o lucro é social, é cidadania, e não um negócio, tampouco capricho de governantes de plantão.
Dona Zilda deve estar se “mexendo do túmulo da dignidade”, pois os atuais governantes não honram a verdadeira Escola Pública.
Sem dúvida alguma, o atual Poder Judiciário em todas as suas instâncias, especialmente o Supremo Tribunal Federal estão reprovados, pois não cumprem a Constituição Federal, que preceitua a abertura de concurso público, legalidade e transparência.
O Ministério Público se viu na obrigação como defensor da sociedade, de ingressar com Ação Civil Pública contra o Governador do Estado de São Paulo, da qual faço parte como “amicus curiae” exatamente por não cumprir a Carta Magna, dando mal exemplo aos Prefeitos que também colocaram em cargos de Diretor de Escola apadrinhados políticos.
Vamos lutar incansavelmente em defesa da Escola Pública legitimamente social, qualificando-a com excelentes Professores e Diretores de Escola com concursos públicos, oferecendo condições reais físicas de trabalho e o que é mais importante e fundamental, salários dignos para incentivar a vocação e que não pode ser inferior, no caso de Professor, de R$ 10.000,00 e o de Diretor de Escola com o valor de mercado das escolas particulares, diante da responsabilidade de gestor.
O amor pelo estabelecimento de ensino é de todos nós, não podemos criar nossos filhos e netos, transformando-os em analfabetos que utilizam computador e celular como ferramenta, mas não sabem ler, escrever, falar ou redigir um simples texto e resolver uma simples operação aritmética.
Os instrumentos da tecnologia que a família oferece devem ser usados para atualizá-los, mas na Escola Pública, o conteúdo educacional deve ser a base de aprendizado.
Chega de violência e governantes que juram cumprir a Constituição e depois visam notoriedade política, abandonando-a.
É nossa obrigação não se omitir e resgatar a Escola pública, seus profissionais com o exercício de cidadania.
Um abraço.
JULIO BONAFONTE
ASSESSOR ESPECIAL DA UDEMO